RODOPIOS
7.
Palavras soltas sobrevoam o claro azul
de Bayona e pousam na muralha erguida
lembrando barbáries em volta da consciência…
— não, não é de Darke que falo
nem do mau vento que vem do outro lado do Marão
nem do cerco da Flor do Lima
nem de Teresa, não!
(Que a frescura
é mais azul vista à distância
contrastando com as fráguas
e a carne das montanhas.)
Sim, palavras soltas, passeando
livres sobre a marina plaina que o Carpinteiro
roçou com calma para que os olhos
não borbulhassem algo menos
do que a harmonia desse corpo estendido,
desse pavilhão erecto nessa hora minha
de reencontrar na memória
citânias do tempo por onde passou História.
Apenas!
8.
É agora que as horas
dos rodopios
soam nas quatros das seis
imagens de corpo único
- justiceiro -
para além dos destroços
dum rio morto.
Ainda sobejam odores
de vazio
na quietude da esfera
e um paludismo incómodo
arde no corpo das fráguas
(como petisco cozinhado
pela avó
para a assembleia plebeia
mórbida
por mais um espectáculo no pelourinho...).
Da boca.............................................
de azul (mais encarnado)
dos sons singelos
emanam ecos de luz
e sombras quietas.
9.
Tal como ficou combinado
e dar alguma utilidade às mãos
aqui te deixo esta. (Escrita entre
dos golos de vinho à temperatura
do corpo, não vá ressentir-se a garganta
da diferença térmica
nem o copo suar uma gripe a curar
entre panos quentes e canja de ave.)
Pois é como te disse na última,
mas como faltaste ao encontro
só posso dizer pelos olhos das palavras,
que me ficaram nos ouvidos
antes de adormecer com a letra na boca
do que haveria de dizer-te agora.
FERNANDES, Júlio A. B. – Maio 2009.
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